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Azores Motofest – Clube Motard Santa Maria
9 a 12 de Junho, Ilha de Santa Maria, Açores
Nota preliminar:
Esta é talvez a reportagem mais difícil que vou escrever… Não é fácil passar para o papel e expressar por palavras aquilo que o coração sentiu e que os olhos viram nestes quatro dias na Ilha Dourada (também conhecida por Ilha Sol ou Algarve dos Açores…). Sem exagero, chamar-lhe-ia Ilha do Paraíso…
Primeiro e para variar, vou começar por agradecer o convite da Organização para estar presente, animar e “reportar” este fim de semana. Foram quase 20 horas de viagens no total repartidas entre expresso, metro, avião e carrinha mas que compensaram largamente. Infelizmente, não pude levar a minha FreDerica para esta nova experiência…
Voltarei aos agradecimentos no final da reportagem.
Antes de mais, um pouco de história. A ilha de Santa Maria situa-se no extremo sudeste do grupo de 9 ilhas do arquipélago dos Açores. Tem uma superfície de 97 quilómetros quadrados (16 km por 9 km) de beleza quase selvagem e cerca de 5000 habitantes.
Terá sido a primeira ilha dos Açores a ser avistada, por no ano de 1427 pelo navegador Diogo de Silves. Estrategicamente, é uma ilha bem servida por “culpa” do aeroporto na Vila do Porto mas, infelizmente, o turismo concentra-se mais nas vizinhas o que faz de Santa Maria uma ilha com uma beleza que é pouco conhecida. Neste fim de semana, confirmámos grande parte dessa beleza e um povo gentil e acolhedor que – ao contrário de alguns sítios por cá – não olhava de lado para os mais de três centenas de Motociclistas que neste fim de semana “invadiram” a ilha.
Esses Motociclistas ganharam a minha admiração pelo sacrifício – por uma boa causa – que fizeram para estarem presentes. Imaginem que tinham de meter as vossas motas, tendas e mochilas num barco, pagar um valor – que apesar dos descontos – não era barato e fazer várias horas por mar até chegarem a Santa Maria. Eram capazes? Houve Motociclistas que fizeram cerca de 18 (!) horas de barco… para cada lado!
O curioso é que, na quinta feira quando cheguei, havia cerca de 30 motas no recinto mas, por volta da uma da manhã – quando os barcos chegaram à Vila do Porto – chegaram cerca de 250 com amigos das 5 ilhas (podem ver esse momento num dos vídeos). E acreditem que não eram 2 ou 3 pessoas de cada Grupo… eram 10, 20 e 30…
Só por aqui, notei um espírito de União que por vezes não se nota por cá. Amigos que não se viam há algum tempo a fazerem uma verdadeira festa de reencontro.
Quanto ao espaço desta festa, as letras não conseguem explicar aquilo que os olhos viram mas, vou tentar…
O parque de campismo da praia Formosa, freguesia de Almagreira e pertença da Câmara Municipal de Vila do Porto, serviu que nem uma luva para acolher a festa deste fim de semana. Curiosamente, acolhe e serve de dormitório aquando do festival rock e blues Maré de Agosto (o mais antigo festival de música Português).
Vários níveis – relvados – para montar as tendas, balneários suficientes, cozinha, espaço de refeições e uma enorme tenda para a festa. Não faltou sequer o parque infantil e a possibilidade de deixar as motas relativamente perto das tendas… e a vista da maioria das tendas para a praia era divinal. Não contei mais do que 2 ou 3 raters mas apenas de dia. De madrugada, quando a música parava, era um consolo ouvir algumas cagarras e o barulho das ondas na praia Formosa ali a meia dúzia de metros…
A vista das “janelas” da tenda dos espectáculos era de tirar o fôlego…
O Clube Motard de Santa Maria tem a sorte de poder contar com o apoio da Câmara Municipal de Vila do Porto. Troquei algumas palavras com o edil local – ele esteve bastante tempo connosco neste fim de semana – que se mostrou bastante satisfeito com o sucesso e a organização desta festa garantindo que o apoio vai continuar porque este evento – a par do Festival Maré de Agosto – fez a ilha “mexer”. Que bom que houvesse mais Presidentes da Câmara assim…
Do tempo que o S. Pedro nos enviou, apanhou-se de tudo: calor, fresco, tempo abafado, nevoeiro e alguns pingos. O tempo variava em locais diferentes da ilha.
Do programa, na quinta feira a noite começou com animação com o Motard FM e depois com o DJ Sérgio Figueiredo. A noite foi longa…
Na manhã de sexta feira, foram agendadas varias voltas à ilha em barco e tivemos a honra de sermos convidados juntamente com o Paulo Martinho e os Fast Eddie Nelson.
Navegámos mais do que 3 horas a conhecer as belezas da ilha. Enseadas, praias escondidas e algumas inacessíveis por terra, aguas de uma limpeza que dava vontade de mergulhar, grutas, etc. por mais anos que viva, não vou esquecer esta experiência.
Resumo desta aventura, um escaldão na testa e braços por não ter usado protector solar mas… valeu a pena!
O nosso muito obrigado á Dollarbarat Sub pela simpatia e, escusado será dizer, recomendamos vivamente. Basta chegarem ao cais da Vila do Porto (junto ao Clube Náutico) que os vêem logo.
Na sexta feira, organizaram-se tanbém passeios pelos trilhos da ilha mas muitos dos presentes preferiram aproveitar as praias e o que elas ofereciam. Depois do almoço, a cerimónia de abertura com várias entidades oficiais a enaltecerem esta iniciativa. Sentimos o carinho e as boas vindas de quem estava satisfeito com a nossa presença.
Tarde de jogos divertidos como há algum tempo que não via. Uma competição saudável entre os vários Grupos de ilhas diferentes divertiu toda a gente. Organizou-se uma espécie de bike show com 13 motas em competição e depois do jantar, rumámos a Vila do Porto para ver o show de freestyle com Paulo Martinho. Santa Maria tem cerca de 5000 habitantes mas quase um terço esteve a ver este show… Foi bonito de ver e sentir.
Seguiu-se o concerto com o trio do Barreiro Fast Eddie Nelson. Já tinha ouvido falar mas nunca tinha visto ao vivo. Gostei bastante da “overdose” de rock e blues.
A noite continuou com animação com este vosso criado até a malta aguentar.
No sábado, o dia convidou a banhos – eu inaugurei a minha época balnear – e a voltas pela ilha.
Durante a tarde, uma divertida e bastante participada aula de zumba entreteve os presentes até ao jantar. Houve tempo ainda para um divertido bike wash nocturno.
Entregaram-se as lembranças e os prémios e provou-se uma queimada que aqueceu ainda mais o ambiente… A banda local Rocklassicz trouxe mais blues e rock (afinal, estamos numa terra com tradição neste género musical…).
Pelo meio, e com a tenda completamente à pinha, tivemos o show de strip tease que só não agradou a quem não esteve presente… descobri que, a única discoteca na ilha, não abriu portas nesta noite. Não iria valer a pena porque toda a gente estava aqui na festa.
O DJ Sérgio Figueiredo deu-nos musica até perto das 5 da madrugada.
Infelizmente, de domingo não posso contar como foi porque o avião arrancou ao meio dia, no entanto, soube que a missa campal / bênção esteve à pinha mais uma vez e trouxe momentos musicais fantásticos. Tive pena de ter que sair tão cedo desta festa…
Muito mais haveria para contar deste fim de semana que – pelo menos a mim – ficou gravado para sempre na memória. Ambiente diferente, novos amigos, paisagens incríveis que dificilmente com fotos se conseguem mostrar e uma vontade de regressar assim que possível.
Quanto a ti que leste até aqui, deixo um conselho: É certo que é uma viagem grande e logisticamente complexa – especialmente se quiseres levar a tua mota – mas, compensa largamente e vale bem a pena. Já agora, há empresas na ilha que alugam motociclos por um valor que é bastante acessível.
Gostava de ter visto mais “continentais” nesta festa do Clube Motard Santa Maria. Mesmo assim, mais de 200 motas e para cima de 300 inscritos é um record para uma concentração motard numa Ilha.
Se puderem, da próxima vez não tenham medo de “arriscar”. Garanto que vão adorar conhecer um ambiente completamente diferente idealizado por gente humilde, aberta e extremamente acolhedora. Marcou-me bastante aquando da despedida quando vi elementos da Organização com as lágrimas nos olhos…
Com tudo isto, fiquei curioso para conhecer mais ilhas deste arquipélago mas vai ser assim que tiver oportunidade, garanto! E nem me importa o facto de não poder ir de mota (erm…claro que importo…).
Para terminar, há agradecimentos que tem que ser feitos além dos que fiz acima.
Sem estar a citar nomes – vocês sabem quem são – agradeço aos vários elementos do staff, com os quais lidei mais de perto, pelo carinho e disponibilidade, pelas “boleias”, pelos deliciosos licores e outros néctares, por terem ouvido algumas sugestões e pelo cuidado que tiveram não só connosco e com os artistas mas também com todos os presentes neste Açores Motofest.
Obrigado ainda aos “companheiros de viagem”, banda Fast Eddie Nelson (grandes malucos), ao Paulo Martinho e Sónia (malta do Norte é aquela máquina) e ao Gaúcho, Sandra e Cátia (?) da Divine Portugal
Vai ser muito difícil esquecer-vos porque este fim de semana ficou gravado na memória e no coração.
Agora, se me dão licença… Vou voltar prá Ilha J
Texto Raul Gomes
Fotos Silvana Grave
Vídeos Silvana Grave e Raul Gomes
Motard FM 2016